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Produtores rurais do RS iniciam o movimento em busca da reconstrução da agropecuária gaúcha
Em forma de protesto pela falta de medidas claras para a recuperação econômica e agropecuária do Rio Grande do Sul, os produtores rurais gaúchos iniciaram a mobilização de tratores, caminhões e pessoas em todo o Estado. A organização, feita pelo Movimento SOS Agro RS, está reunindo milhares de agricultores em um tratoraço que começou a ser realizado na terça (06/08) e continua nesta sexta (09/08). Além da capital gaúcha, o movimento também está mobilizando mais de 50 municípios do estado.
Em São Gabriel, o Movimento SOS Agro RS cobra soluções eficazes para o endividamento dos produtores rurais, que se agravou em decorrência das enchentes de maio. O protesto terá início às 8h no trevo do Posto Gauchão, localizado na BR-290, com os tratores seguindo em direção ao Centro da cidade.
A recente Medida Provisória 1.247, publicada em 31 de julho, oferece descontos para a renegociação de dívidas rurais, mas é considerada insuficiente pelo setor agropecuário. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) critica a burocracia e a insegurança geradas pela MP, e aguarda um decreto federal que detalhe as condições de desconto, anistia, prazos e juros.
O prazo para a prorrogação das dívidas de crédito rural se encerra em 15 de agosto, conforme a Resolução nº 5.132 do Conselho Monetário Nacional. Lucas Scheffer, organizador estadual do movimento, afirmou que, após diálogos infrutíferos com ministros, decidiram interromper as negociações com o governo.
Produtores de todas as escalas são convocados a participar do tratoraço, que também será realizado em outras 33 cidades ao longo da semana. O SOS Agro RS já promoveu protestos em Cachoeira do Sul e Rio Pardo em julho.
Um dos organizadores do SOS Agro RS, o produtor Lucas Scheffer diz que o movimento desistiu de procurar representantes do governo federal para cobrar apoio e respostas, depois de manter diálogo com os ministros da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, e do Apoio à Reconstrução do RS, Paulo Pimenta.
Scheffer acredita que o número de atos em municípios deve dobrar até o fim de semana, enquanto são projetados cerca de 300 tratores no ato em Porto Alegre. A manifestação na Capital deverá ser realizada simultaneamente aos protestos no interior.
GOVERNO DO RS
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), classificou como “tímida” a ajuda da União ao agronegócio gaúcho após a recente tragédia climática. Produtores rurais do Estado prometem realizar um tratoraço esta semana em protesto contra as medidas de socorro concedidas até o momento. Leite explicou que o movimento de protesto engloba os anos de estiagem no Estado e a tragédia climática de 2024. Ele destacou que a situação atual é resultado de uma sequência de anos difíceis com a estiagem, agravada agora pelas enchentes. Segundo o governador, os prejuízos não se resumem apenas às áreas alagadas ou inundadas. As medidas apresentadas pelo governo federal até o momento circunscrevem ações de apoio financeiro para as áreas inundadas, o que não é suficiente.
Muitas áreas não foram inundadas, mas a produtividade foi completamente comprometida pelas chuvas intensas, que impediram as colheitas e fizeram com que os produtores perdessem suas plantações. O governador reconhece o esforço do governo federal em relação ao Estado, mas considera as medidas adotadas até agora muito tímidas diante da realidade do Rio Grande do Sul. Ele enfatiza que a percepção do governo federal não atende à dimensão do prejuízo que o RS teve no agronegócio. A medida provisória do governo Lula limita o acesso a operações especiais às áreas inundadas, mas a produtividade foi comprometida em várias localidades.
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