A modalidade do Crédito Instalação que contempla assentadas - o Fomento Mulher - representa 75% dos contratos com recursos liberados este ano pelo Incra no Rio Grande do Sul. Para acessar os valores, é necessário, entre outros requisitos, apresentar projeto técnico. No estado, esta exigência tem sido cumprida com o apoio da Emater/RS.

Os projetos definem a aplicação dos recursos, no valor de R$ 5 mil por família, a partir da vontade das beneficiárias e da realidade local. Em Manoel Viana, por exemplo, a maioria opta por investir na produção leiteira. "É uma das atividades que possibilita renda mensal. O comércio do leite já é estabelecido" explica a engenheira agrônoma da Emater/RS, Andréia Furtado da Fontoura Maier. A existência de rotas de coleta do produto e de uma agroindústria inaugurada em 2018 contribuem para a opção desta linha produtiva, que tem se mostrado rentável mesmo em períodos adversos.

Josene Casemiro, do assentamento Santa Maria, no município, é uma das agricultoras contempladas com o Fomento Mulher em agosto. O crédito será aplicado na aquisição de duas novilhas leiteiras da raça Holandesa - que vão se somar ao plantel de mais de 40 animais do lote. O leite é a principal renda da família, que entrega o produto para uma cooperativa dia sim, dia não. A produção pode atingir 150 litros diários - no momento, afetada pela seca, chega a 105 litros.

Mesmo assim, "o leite sempre dá saída", ensina a agricultora. No lote onde mora com o marido Jardel e a filha Luiza, a família também planta milho, mandioca, cana (para os bichos), horta, pomar e tudo o mais que precisa para viver. "É a tranquilidade que a gente sempre sonhou", conta ela sobre a vida no assentamento.

DIVERSIFICAÇÃO

Assim como Josene, outras 50 beneficiárias acessaram a mesma modalidade em agosto - somando um total de R$ 255 mil liberados para Fomento Mulher neste mês. Graziela Silva de Moura investiu os recursos para ampliar a produção de aves e ovelhas em seu lote no assentamento Novo Horizonte II, em Santa Margarida do Sul. Metade do valor foi reservada para comprar cinco ovinos, duplicando o plantel atual. "Quero da raça Corriedale, que é boa para carne e lã", conta a agricultora. A assentada também investiu na cerca que deve manter os animais nos quatro hectares destinados à pastagem.

Com o valor restante, Moura encomendou galinhas poedeiras. Enquanto aguarda a chegada dos animais, ela aproveita o tempo para ampliar o galinheiro, de olho no mercado. "Sempre tenho pedidos de ovos e vou ter produção para entregar".

Já Daniela Aparecida da Silva optou pela produção leiteira. "Comprei duas novilhas e tive sorte de virem com cria", comemora. Ela e o marido prepararam cinco hectares com aveia e azevém para esperar as novas cabeças. As vacas introduzem uma nova atividade no lote, antes dedicado a grãos e gado de corte.

Os projetos de investimento de Graziela e Daniela também foram elaborados pelo escritório local da Emater. Uma das responsáveis pelo trabalho, Mariane Motta Veiga, relata que as principais atividades produtivas viabilizadas pelo Fomento Mulher no município são horta, avicultura colonial e leite, que apresentou preços satisfatórios em meses anteriores. "As hortas e os ovos servem tanto para segurança e soberania alimentar das próprias famílias quanto para venda na região", justifica a profissional.

Além da modalidade Fomento Mulher, também foram pagos em agosto R$ 46,8 mil em nove contratos de Apoio Inicial - que não dependem de elaboração prévia de projeto produtivo. Todos os créditos estão disponíveis para saque, por um período de 120 dias, nas agências do Banco do Brasil, bastando utilizar o cartão do crédito instalação ou apresentar um documento de identidade.