SÃO GABRIEL WEATHER

Denúncia feita pelo CPERS

Com dificuldade de acesso, escola Ataliba luta para manter atividades

A comunidade da Escola Estadual Ataliba Rodrigues das Chagas, situada no distrito de Batovi, no interior de São Gabriel, sofre há anos com sérios problemas no transporte escolar e no acesso à instituição. O educandário do campo, que atende mais de 200 alunos, em sua maioria filhos e filhas de assentados, precisa suspender as aulas em dias de chuva forte devido à precariedade das estradas. É comum que ônibus e carros atolem no trajeto e, às vezes, são necessários tratores para desatolar os veículos.

Em março deste ano, a escola também precisou paralisar as aulas enquanto a Secretaria de Educação do Estado não resolvia o problema da falta de transporte escolar.

No dia 13 de julho, o CPERS visitou a instituição e comprovou a situação da escola, que atualmente está sem diretor, porque a antiga dirigente precisou renunciar ao cargo devido à sobrecarga de trabalho.

"Fiquei como diretora de 2019 a 2021, depois fui reeleita pela comunidade, mas tive que renunciar devido ao acúmulo de funções. O nosso caso é diferenciado, porque são quatro escolas em instâncias distintas, sendo uma unidade a 124 km da escola sede, o que torna inviável fazer prestação de contas sem o auxílio de um profissional. É uma responsabilidade muito grande para apenas uma pessoa", disse a ex-diretora da escola, Tânia Mara Dorneles.

A instituição solicitou à Coordenadoria Regional de Educação (CRE) a contratação de mais funcionários para o administrativo, mas o pedido não foi atendido devido ao número de alunos: "Pedi ajuda e não fui contemplada. Não fui atendida com a alegação de não termos direito devido ao número de alunos da escola. Eles não consideraram que o diretor tem que atender quatro escolas em suas quatro unidades", ressalta Tânia.

A Ataliba atende os alunos em quatro prédios, mas para o atual número de estudantes, o ideal, seria um único edifício. O prédio sede da escola tinha estrutura provisória válida por cinco anos, desde o governo Tarso Genro (PT), mas já passou pelos governos Sartori (MDB) e agora Leite/Ranolfo (PSDB) e segue sem a nova estrutura.

O secretário da escola, Vanderlei da Silva, destaca que a estrutura provisória está cada vez mais frágil.

"Nesses prédios, que seriam provisórios, as salas de aula estão começando a ficar esburacadas e o banheiro dos alunos também tem problemas. A escola recebe uma verba de manutenção, mas na verdade, é como se não fosse uma única escola, porque temos mais três prédios funcionando. A verba é insuficiente e deveria ser proporcional aos quatro prédios, o dinheiro que vem não dá para nada".

LAMAÇAL EM DIA DE CHUVA IMPEDE A CHEGADA DE EDUCADORES E ESTUDANTES À ESCOLA

Para a comunidade da Ataliba, a maior necessidade no momento é um olhar do governo do Estado para as estradas, que deveriam permitir o acesso dos alunos assentados ao seu direito básico de estudar.

"Quando chove, os ônibus não conseguem entrar. O município diz que não é responsabilidade dele, porque é dentro dos assentamentos, o Incra diz que não tem obrigação de arrumar a estrada porque é municipal e a estrada RS 630, que é estadual, está em péssimo estado de conservação e estão refazendo a ponte", diz o secretário.

A supervisora da escola, Leci Soares, destaca que mesmo cinco meses após o início do ano letivo, alguns alunos ainda não conseguem frequentar as aulas: "Nós temos cerca de 10 alunos que não conseguem chegar até a escola em função da estrada, porque o transporte não consegue chegar até a casa deles".

Com a dificuldade no transporte público para chegar até a escola, muitos educadores precisam se deslocar com veículo particular, mas com o baixo valor da gratificação de local de exercício e os altos custos com gasolina e manutenção, quase pagam para trabalhar, como explica a professora Polyana Schuh.

"A gente recebe uma ajuda de custo, porém, ela não custeia todo o gasto que a gente tem com o nosso transporte e com gasolina. As estradas estão em péssimas condições, muitas vezes nossos carros atolam. A gente trabalha por amor, porque está cada vez mais difícil trabalhar com a nossa profissão", desabafa Polyana.

Para o CPERS, defender a escola do campo é defender um projeto educativo que considera a inserção das crianças e dos jovens assentados na prática social e como agentes do futuro da comunidade onde estão inseridos.

Alex Saratt, presidente em exercício do Sindicato, ressalta que o descaso dos governantes com as escolas do campo é o principal responsável pela atual situação.

"Ao chegar na Ataliba, constamos uma realidade muito preocupante, que revela a precariedade que a educação pública se encontra nas escolas do campo do Rio Grande do Sul. Essa realidade é fruto de uma política de abandono do governo do Estado e do completo descaso com que se tratam as necessidades dos estudantes e dos profissionais da educação que trabalham nesse tipo de instituição".

Estudantes da Escola Rodrigues Alves conhecem Museu da PUCRS Anterior

Estudantes da Escola Rodrigues Alves conhecem Museu da PUCRS

Escola técnica São Gabriel celebra 70 anos em setembro Próximo

Escola técnica São Gabriel celebra 70 anos em setembro

Deixe seu comentário