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Gabrielenses pelo Mundo

Pandemia ainda preocupa a ressalta necessidade da vacinação

Os resultados da vacinação em massa provocaram um grande recuo do número de mortes e internações hospitalares nos meses de agosto a setembro, depois de muitos meses com mortes diárias por infecção com o Coronavírus. Entretanto, um fenômeno recente no município é a queda da adesão da população à campanha de vacinação, com os números totais de 1.ª e 2.ª dose mantendo-se estáveis há diversas semanas. Atualmente, levando-se em conta os números de gabrielenses vacináveis conforme os cálculos do Ministério da Saúde, 7888 gabrielenses ainda não tomaram sequer a primeira dose, e 12.200 ainda não tomaram a segunda dose. O temor da Secretaria Municipal de Saúde é que a discreta elevação de casos da última semana reflita uma tendência se a comunidade não retornar a buscar a vacinação com intensidade.

Mesmo com estes números, o Brasil ainda é um dos países cuja população aderiu mais à vacinação. A baixa adesão em muitos outros países está respondendo pelo avanço de uma nova onda de casos, tendo a Europa como epicentro e o ceticismo anti-vacina como o principal vilão.

Em todo o mundo, gabrielenses viveram diferentes experiências com a Covid-19. Ouvimos os relatos de alguns que passaram estes meses em suas moradas no exterior, e todos demonstram que, nos piores momentos, a vacina e a prevenção fizeram a diferença.

Estados Unidos | MOVIMENTO ANTIVACINA ?PUXA" AUMENTO DE CASOS

O agente de viagens Marco Antônio Costa Souza, 44 anos, conhecido pelos amigos como "Gauchinho", reside em Orlando, estado da Flórida, a dois anos e meio. Sete meses depois de se estabelecer nos EUA, viu as autoridades decretarem lockdown no país. ?Imagina em Orlando, os parques da Disney fechados! Vários americanos desempregados, obras, paradas, foi bem difícil! Depois disso, os estabelecimentos voltaram a funcionar apenas para delivery e vimos aos poucos as coisas retomarem! Quando as vacinas começaram, aí sim, voltamos à vida normal", observa.

Os primeiros a aderirem à vacina foram justamente os imigrantes. "O americano não tem a cultura da vacinação, então o governo até dinheiro ofereceu pra eles se vacinarem! Mas a taxa de adesão ainda é baixa, muita gente pegando covid e lotando os hospitais porque não se vacinaram! Algumas escolas tiveram que fechar de novo por conta disso", ressalta.

Costa assinala que a força do movimento antivacina é muito grande na sociedade estadunidense. "O movimento antivax é grande principalmente nas grandes cidades como Nova York, Chicago, Charlotte, onde se concentra um maior número de conservadores", afirma. Marco Antônio, porém, ficou feliz quando sua família se vacinou. "Nos emocionamos muito?, relembra.

Canadá | O APOIO À VACINA FEZ A DIFERENÇA

Patrícia Maciel Silveira é técnica de laboratório, tem parentes gabrielenses e reside há 4 anos e 9 meses em Winnipeg, província de Manitoba, Canadá, com o esposo e a filha, que hoje tem 2 anos e 4 meses, mas tinha apenas 8 meses quando a pandemia começou. "Em fevereiro de 2020 eu estava de férias no Brasil visitando a família, e uns dias depois que cheguei no Canada fecharam o Aeroporto. Foi aí que começamos a ver tudo acontecer. As pessoas começaram a perder os empregos, não podíamos sair de casa para algo que não fosse considerado essencial. Também não podíamos comprar algo que não fosse essencial, e pasta de dente infantil, por exemplo, não era algo essencial para eles, já que cobriram essa área com lonas em alguns estabelecimentos. Os mercados com limite de pessoas, enfrentavámos filas enormes, falta de mercadorias, e seria cômico se não fosse trágico, mas as pessoas fizeram estoque de papel higiênico em casa e teve falta de papel higiênico no pais, assim que reabasteciam, tinha limite por comprador", revela.

Para Patrícia, o desempenho das campanhas de vacinação ajudou a estimular o engajamento da população canadense. "As pessoas começaram a se sentir obrigadas a tomar com o passar do tempo, conforme o governo anunciava o que seria liberado caso chegasse a certos números de vacinados. A população sentiu um estimulo para se vacinar e voltar a viver mais livremente. Claro, muitas pessoas não respeitam as regras impostas até hoje, e acredito que isso é uma das causas do aumento de casos nos últimos meses. Mas no geral, as pessoas respeitam muito o governo e o que é falado", afirma Patrícia, que tomou a primeira dose com o imunizante Pfizer e a segunda dose do fabricante Moderna, disponível no Canadá. "Acredito que essa experiência de ficarmos 24 horas juntos, em casa, só nós 3, nos deixou mais unidos como familia, porém mais isolados do mundo.

Minha filha não teve oportunidade de brincar com outras crianças. Como moramos em apartamento ela ficou muito tempo trancada em casa porque não era permitido ir a parques, shoppings ou qualquer outro lugar que ela pudesse brincar ou passear. Ficava encantada quando via outras pessoas. Até hoje acha que os avós são uma tela de celular porque não teve mais a oportunidade de encontrá-los. Mas essa experiência nos mostrou muito como somos frágeis e que nos unindo conseguimos combater algo muito maior", salienta.

Moçambique | A POBREZA PIOROU NUM DOS PAÍSES MAIS POBRES DO MUNDO

Natural de São Gabriel, o missionário e pastor evangélico Luiz Marcelo Silveira reside no exterior desde os anos 2000, tendo morado em países como Colômbia, Argentina e Chile, e desde 2010 é pastor da Igreja Batista Filadélfia em Matola, região metropolitana de Maputo, capital moçambicana. ?O choque cultural nos primeiros anos foi muito forte, a cultura é totalmente diferente, a alimentação, e a diferença cultural entre os sexos é muito chocante. Na sociedade africana, os homens são tratados como chefes absolutos, e a mulher é quem vai trabalhar nas 'machambas' (roças), buscar lenha, e caminhar quilômetros para buscar água pra família. Se tiver uma única cadeira na casa, ela é do homem, ele é o primeiro a se servir, e a mulher come depois dos filhos, se sobrar. A diferença é culturalmente muito forte?, observa.

Em Moçambique, apesar da expectativa de uma incidência feroz, a pandemia não chegou a ter 2 mil casos fatais em toda sua evolução no país, que tem cerca de ?O povo aqui já enfrentou guerra, colonização violenta, malária, cólera, fome, Aids, e o Coronavírus acabou não sendo tão assustador quanto pensávamos?, ressalta o missionário, lembrando que a maioria da população nem possui sistemas convencionais de água encanada. "Aqui o Ministério da Saúde recomenda usar cinzas nas mãos, porque não existe quase álcool gel?, afirma.

A adesão à vacina não ultrapassa 10% de pessoas no país, apesar dos esforços do governo para convencer a população. ?O povo não confia nas vacinas porque a África, historicamente, sempre foi local de testagem de medicamentos, como o fracasso da talidomida nos anos 50, e o povo realmente tem medo?, assinala. Silveira ressalta que com as medidas de isolamento social, o pais, que já era um dos mais pobres do continente, viu a miserabilidade aumentar consideravelmente.

Uruguai | ISOLAMENTO E MEDO MARCARAM AUMENTO DAS MORTES

Camila Balconi Marques, 27 anos, vive há 3 anos em Montevideo, capital do Uruguai, onde exerce a profissão de médica veterinária e faz doutorado em Melhoramento Genético Animal. Ela descreve as agruras da pandemia em um país com pouco mais de 3,4 milhões de habitantes. "Demorou um pouco para agudizar toda a situação, mas foi igualmente preocupante. O Uruguai é um país muito pequeno e com capacidade reduzida de leitos, foi muito preocupante mas fico feliz que o resultado das vacinas começou a aparecer rapidamente?, afirma ela, atribuindo a melhoria do cenário à vacinação. ?Os gráficos e número de casos foram mudando de acordo com que as pessoas foram se vacinando. Eu mesma tomei 3 doses de vacina e já se fala na quarta dose?, ressalta,

Apesar disso, o chamado "movimento antivax" é relevante no país. ?Os profissionais da saúde afirmam que muitos casos de falecimento foram de pessoas que se recusaram a se vacinar, infelizmente?, lamenta.

O impacto da pandemia na sua vida foi profundo. "Aprendi a dar valor a coisas que antes pareciam muito comuns, a ter saudade dos tempos "de festa", do calor humano (e brasileiro!!!), as fronteiras foram fechadas e o contato com a família foi somente por redes sociais. Foi uma situação muito incômoda, de sentir um aperto no coração pensando nessa situação e quantas pessoas perdiam e perdem a vida. Vacinar-se é um ato de responsabilidade priorizando a imunidade de rebanho que tanto precisamos. Que dias melhores venham e que podamos deixar essa doença pra trás um dia", assinala.

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