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o fim dos Sete Povos

Morte do missioneiro Sepé Tiaraju completa 266 anos

Nesta segunda-feira (07/02), o Brasil relembra a morte de Sepé Tiaraju. O guerreiro indígena, importante liderança contra o fim dos Sete Povos, foi martirizado há 266 anos, em uma noite enluarada, à beira de um córrego, tímido afluente do Vacacaí, no interior de São Gabriel.

Foi uma espécie de prólogo. Três dias depois, em 10 de fevereiro de 1756, a 30 quilômetros de distância, os exércitos coligados de Portugal e Espanha fizeram o enfrentamento decisivo com as forças indígenas. Chacinaram 1,5 mil guaranis em menos de duas horas, empapando o pampa de sangue.

A Sanga da Bica, onde Sepé morreu, e os campos de Caiboaté, local do maior massacre que o Rio Grande do Sul já viu, são assinalados hoje por marcos e monumentos. Já Sepé Tiaraju teve seu nome inscrito em aço no Livro de Heróis e Heroínas da Pátria, uma lista seleta em que aparece ao lado de Tiradentes, Zumbi dos Palmares e Duque de Caxias.

No imaginário popular, ele granjeou fama de santo, reputação chancelada pelo Vaticano, que autorizou a Diocese de Bagé a iniciar um processo de canonização em 2020.

Não há certezas sobre a data ou o local de nascimento de Sepé Tiaraju, embora muitos pesquisadores atribuem sendo a redução de São Luiz Gonzaga. Até mesmo seu nome gera dúvidas, aparecendo grafado de diferentes maneiras em documentos da época: Joze Thearaju, Sapé, Josepho, Tiararu, Zapé.

O que se sabe é que ele era um cacique guarani com posições de comando na estrutura das Missões, as 30 povoações estabelecidas por padres jesuítas 150 anos antes, por ordem do rei da Espanha, com a finalidade de catequizar os indígenas.

Na época de Sepé, esses povos eram verdadeiras cidades, com atividades comerciais, artísticas, educacionais e de manufatura. Apenas nas sete missões a oriente do Rio Uruguai, no atual território gaúcho, viviam 30 mil pessoas. Como a zona não era propícia para o gado, as reduções tinham suas estâncias mais ao sul, no pampa, incluindo a área onde hoje estão os municípios de Bagé e São Gabriel. Sepé estava vinculado ao povo de São Miguel. Era alferes-mor (uma patente militar), corregedor (espécie de governante municipal) e comandante da milícia da região.

O mundo missioneiro de que ele fazia parte começou a ruir em 1750, quando Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Madri, que redesenhava a divisão do território sul-americano entre as duas coroas ibéricas. Pelo acordo, os castelhanos deveriam entregar a área dos sete povos aos lusitanos, removendo dali os indígenas, sem qualquer tipo de indenização.

Os nativos sentiram-se traídos. Recusaram-se a abandonar seu território e sublevaram-se, o que deu origem à Guerra Guaranítica (1753-1756). De um lado estavam os indígenas, principalmente guaranis. Do outro, as poderosas forças coligadas de Portugal e Espanha.

No começo de 1756, quando 4 mil soldados se aproximavam pelo sul, liderados pelos governadores de Buenos Aires (José de Andonaegui) e do Rio de Janeiro (Gomes Freire), duas das maiores autoridades coloniais na América, Sepé estava na região de São Gabriel para comandar a resistência.

Experimentado, ele sabia não ser possível combater frontalmente o inimigo, muito mais poderoso. Preferia utilizar táticas de emboscada. Uma dessas escaramuças foi-lhe fatal. Depois de provocar as forças ibéricas, os indígenas saíram em disparada, para se esconder no mato.

Sepé estava quase lá quando ocorreu o famoso e trágico tropeço de seu cavalo. Três dias depois, em Caiboaté, o cacique Nicolau Neenguiru cometeria o erro de enfrentar os inimigos em campo aberto, em formação de meia-lua. Portugueses e espanhóis cercaram-nos e promoveram uma carnificina. Mataram 1,5 mil e perderam só 10 homens. Dias depois, as tropas alcançariam os Sete Povos da Missões.

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