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LUZES & SOMBRAS

Como pinto no lixo

A pandemia causada pela covid-19 deu um novo alento aos políticos que costumam, quando no poder, surrupiar dinheiro público. Entusiasmados com o fim do combate à corrupção no Brasil com a criminalização da Lava Jato (graças a uma curiosa aliança entre o governo, a oposição e a Justiça), "lavaram a égua" com as polpudas verbas recebidas do governo federal para o combate à pandemia.
O roubo, os desvios e o superfaturamento foram, da compra de equipamentos (como respiradores, luvas e até mesmo de álcool gel falsificado) ao desvio dinheiro para seu si ou para o "caixa único" dos Estados. Alguns até mesmo aproveitaram a "deixa" para contratar mais "aspones" para engordar suas folhas de pagamento com amigos e apaniguados.
Nos últimos dias, com o agravamento da pandemia no país, nossos heróis viram uma nova "brecha" para satisfazer sua sede de roubar: as vacinas!
Sabedores de que as aquisições de vacinas podem ser feitas sem licitação e que o órgão pagador são os cofres públicos, se apressaram em ir "às compras", sem nem mesmo levar em conta a aprovação ou não da Anvisa.
Esta semana, sob a liderança do governador da Bahia, Rui Costa, do PT, os nove governadores nordestinos encomendaram, sem licitação, 25 milhões de doses da Sputnik V, vacina russa ainda não aprovada pela Anvisa. Segundo Costa, os primeiros lotes devem chegar aos estados a partir de abril e as demais serão entregues até julho. Cabe lembrar que o laboratório Fiocruz já iniciou a produção local da vacina de Oxford, usada e aprovada em todo o mundo e o Instituto Butantã está envasando regularmente a coronavac. Também o criticado ministro da Saúde assinou a compra de 100 milhões de dozes da vacina da Pfizer, que começarão a ser entregues a partir de Julho. Mas a sede de nossos heróis por mais verbas (desde não saiam do próprio bolso) parece ser insaciável. Na quarta-feira, o senador Jean Paul Prates, do PT, líder da minoria no Senado, disse que o Congresso precisa se concentrar em "conceber e votar com urgência e prioridade toda e qualquer proposição que contribua para viabilizar e acelerar o processo de vacinação". Já as pautas econômicas, bem, estas podem ficar para depois. Segundo ele, o Congresso também terá "de ficar atento a novas necessidades financeiras dos estados". Leia-se, a "mais dinheiro federal" para tapar seus rombos irresponsáveis.
Pressionado pelos políticos (cujo porta-voz oficial é João Dória, O nosso Chiquinho Scarpa da política nacional) e pela mídia, o governo federal resolveu divulgar os valores distribuídos para cada Estado desde o início da pandemia. A reação foi imediata: Sob a alegação de que na publicação foram incluídos repasses federais obrigatórios e royalties de petróleo, indignados, os governadores do Maranhão, Flávio Dino, e da Bahia, Rui Costa (Flávio e Dino, que nome para uma dupla sertaneja!) acionaram seus amigos e censores do STF para obrigar o governo a retirar das redes os posts em que informava os valores. Quer dizer, para a dupla Flávio e Dino, o povo não tem o direito de saber para onde foi o dinheiro arrecadado pelos impostos e taxas leoninas ao qual é submetido, tampouco o que foi feito com ele.
Quando acabar esta pandemia (e um dia ela irá acabar), espero que a imprensa, pelo menos a que ainda se importa com a população, cobre do que ainda resta da Justiça neste país, a punição daqueles que, diante da confusão e do pânico causados pela maior tragédia que se abateu sobre o Brasil e o mundo, roubaram ou desviaram dinheiro público destinado à saúde.

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