A convivência entre sojicultura e apicultura no Brasil não só é possível como também vantajosa para ambas as partes, segundo os primeiros resultados de um estudo conjunto da Divisão de Soluções para Agricultura da BASF e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A pesquisa, iniciada na safra 2022/23, coletou dados em lavouras de São Gabriel, Maringá (PR) e Dourados (MS).
Os resultados validam o Protocolo de Boas Práticas Agrícolas, Apícolas e de Comunicação, que orienta as ações entre sojicultores e apicultores. “A convivência é vantajosa para ambos, desde que sejam respeitadas as boas práticas agrícolas e haja um diálogo constante para a compreensão dos processos de produção”, afirma Décio Gazzoni, pesquisador da Embrapa Soja (PR).

Práticas integradas de manejo
O protocolo destaca a adoção do Manejo Integrado de Pragas de Soja (MIP-Soja), que visa reduzir os insetos-praga sem afetar os inimigos naturais. “A base do MIP é o monitoramento das pragas para determinar a necessidade de controle e o momento ideal para aplicação”, explica Gazzoni. Ele defende o uso de produtos seletivos ou bioinsumos para minimizar impactos negativos.
Além disso, orientações específicas, como evitar a aplicação de defensivos durante a visitação de abelhas e fora do período de florescimento da soja, são cruciais para garantir a harmonia entre as atividades.

Aumento de produtividade e sustentabilidade
Estudos anteriores da Embrapa já demonstravam ganhos de produtividade com a presença de abelhas nas lavouras de soja. “A flor de soja contém néctar de qualidade, essencial para as abelhas. Elas atuam como polinizadoras, o que aumenta a produtividade em 13%”, destaca Gazzoni. A interação resultou em mais vagens com três ou quatro grãos, e poucas vagens chochas.
Os apicultores também se beneficiam significativamente. “Apicultores que colocam apiários perto de lavouras de soja colhem até 50 kg de mel por colmeia, mais do que o dobro da média brasileira”, explica Gazzoni. Além disso, a floração da soja proporciona uma fonte de alimento natural em períodos de escassez de outras flores, reduzindo custos com alimentação artificial.
Rodrigo Casado, produtor de soja e mel em Maringá (PR), confirma os benefícios: “A polinização na soja traz uma renda extra significativa. Fazemos até três colheitas de mel por ano”.

Impactos ambientais positivos
A convivência harmoniosa entre soja e apicultura também traz benefícios ambientais. Aumentar a produtividade da soja reduz as emissões de gases de efeito estufa, contribuindo para a sustentabilidade. “Conservar polinizadores como as abelhas é essencial para a produtividade agrícola e o equilíbrio dos ecossistemas”, reforça Maurício do Carmo Fernandes, gerente de Stewardship e Sustentabilidade da BASF.
“Parcerias como essa avançam na pesquisa e desenvolvimento de soluções, garantindo segurança alimentar, sustentabilidade e desenvolvimento econômico”, conclui Fernandes. O estudo reafirma que a coexistência entre sojicultura e apicultura é não só possível, mas benéfica, demonstrando o potencial de práticas agrícolas sustentáveis que promovem a produtividade e a conservação ambiental.