SÃO GABRIEL WEATHER

Cátia Liczbinski

A Mulher na Política: O Reconhecimento e a Diversidade no Momento Atual

"Art. 3º: Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: [...] IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação" (CF/1988). 

O protagonismo das mulheres na Política é crescente e importante. Segundo dados fornecidos pelo STF, neste ano foram eleitas 651 prefeitas (12,1%), contra 4.750 prefeitos (87,9%). Para as câmaras municipais, foram 9.196 vereadoras eleitas (16%) contra 48.265 vereadores (84%). Proporcionalmente, a capital brasileira que possui mais mulheres eleitas para a câmara municipal é Porto Alegre (RS). Dos 36 eleitos, 11 são mulheres (30,6%) e 25 são homens (69,4%). Já a capital que possui menos vereadoras eleitas, de forma proporcional, é João Pessoa (PB), com apenas uma mulher (3,70%), contra 26 homens (96,3%).

Segundo o ministro do STF e presidente do TSE Luís Roberto Barroso, embora o aumento da representatividade, "também tivemos um aumento nos ataques físicos ou morais a mulheres candidatas. Esse tipo de agressão a mulheres é pior que machismo, é covardia. Precisamos de mais mulheres na política, e portanto precisamos enfrentar essa cultura do atraso, da discriminação, do preconceito e da desqualificação".

Outro aspecto é a diversidade relacionada ao nome social. Segundo dados estatísticos do Portal do TSE, 171 pessoas se candidataram com nome social neste ano. É a primeira vez que candidatos aos cargos de prefeito e vereador puderam ser identificados dessa forma. O Brasil teve 25 pessoas transexuais e travestis eleitas em 2020. Foram 294 candidaturas trans registradas em todo o país. Apesar dos números ainda serem baixos, o resultado foi melhor que o das eleições municipais de 2016.

Um fato importante, pena que oriundo de uma tragédia, foi o aumento da representatividade das mulheres negras, impulsionadas pelo "efeito Marielle Franco", a quinta vereadora mais votadas da cidade do Rio de Janeiro, que lutava contra a discriminação e foi assassinada durante seu mandato. Até hoje o inquérito não foi concluído e os culpados julgados.

A maioria da população brasileira é negra e são as pessoas que mais sofrem com a falta de direitos essenciais. O Brasil é o país em que mais se mata pessoas trans e travestis e é um dos recordistas em violência contra população LGBTQIA+. A cada duas horas uma mulher é assassinada no país, e destas, 68% são mulheres negras (fonte: Atlas da Violência). Entre 2018 e 2019, também houve um aumento de 150% no registro de violência contra as populações indígenas e quilombolas (fonte: Conselho Indigenista Missionário).

Alguns destaques na política Brasileira atuais que lutam pela inclusão e diversidade:

a) Benedita da Silva: (servidora pública, professora), atualmente Deputada Federal pelo Rio de Janeiro. Foi a primeira Senadora negra no Congresso (na atual legislatura não há Senadora negra eleita). Seu espírito de luta está presente em cada guerreira contra o racismo e pela igualdade de gênero.

b) Joênia Whapichana (advogada): primeira deputada indígena do País, eleita em 2018, defendendo a inclusão e a sustentabilidade.Com 8.491 votos, Joênia Batista de Carvalho, representa Roraima.

c) Sâmia Bomfim (professora): a vereadora mais votada em São Paulo em 2016, é deputada federal e defende pautas feministas e contra o estupro.

d) Manuela d'Ávila (jornalista): em 2004 foi a vereadora mais jovem da história de Porto Alegre. Foi Deputada federal e vice-presidente na campanha de Haddad. Concorreu ao segundo turno da Prefeitura de Porto Alegre. Dentre as metas: inclusão feminina na política e educação.

e) Erika Hilton (estudante faculdade de Gereontologia), eleita vereadora de São Paulo com mais de 50 mil agora em 2020, se descreve: como "Mulher preta e trans, feminista, antirracista, LGBT".

f) Thammy Miranda (ator, repórter) conquistou uma vaga na Câmara de Vereadores de São Paulo. Sua plataforma foi voltada para a comunidade LGBTOQ+.

No mundo são mulheres reconhecidas: Kamala Harris, a primeira vice-presidente nos Estados Unidos e Dilma Rousseff, primeira mulher que foi presidente do Brasil.

Apresentaram-se apenas alguns nomes de tantos que fazem a diferença na luta pela inclusão. É necessário que a sociedade compreenda que "todos são seres humanos", pessoas que merecem exercer seus direitos e deveres e representatividades. As candidaturas e eleitos com pautas antirracistas, feministas, LGBTQIA+ populares apontam um caminho para a construção de um mundo mais justo e digno para todas e todos.

"Seja qual for a liberdade pela qual lutamos, deve ser uma liberdade baseada na igualdade". (Judith Butler)


A Pandemia que Causamos Anterior

A Pandemia que Causamos

A Mulher na Política: Algumas Pioneiras Próximo

A Mulher na Política: Algumas Pioneiras

Deixe seu comentário