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Caso Gabriel

Polícia Civil indica os três PMs por homicídio triplicamente qualificado

Os três policiais militares envolvidos na abordagem que terminou com a morte de Gabriel Marques Cavalheiro, de 18 anos, foram indiciados pela Polícia Civil por homicídio doloso triplamente qualificado. Eles já estão presos preventivamente desde 19 de agosto, após decisão da Justiça Militar.

Em entrevista coletiva, no Palácio da Polícia, o chefe da Polícia Civil do RS, delegado Fábio Motta Lopes, afirmou que a morte do jovem aconteceu por motivo fútil, com emprego de tortura e sem possibilidade de defesa para a vítima. O anúncio da conclusão dos trabalhos e o envio do inquérito ao Ministério Público aconteceu na tarde desta quinta-feira (01/09). A suposta ocultação de cadáver deve ser investigada como crime militar, segundo a polícia.

"O inquérito policial foi concluído hoje [quinta-feira] e já entregue ao Poder Judiciário. O foco foi a apuração se houve ou não crime praticado com dolo, mesmo que tenha sido praticado por policiais militares no exercício da função, porque foi praticado, em tese, contra um civil. E, na visão da Polícia Civil do estado do RS, sim, estamos diante de um homicídio doloso triplamente qualificado", explicou Lopes.

O delegado titular da DP de São Gabriel e responsável pelo inquérito, José Bastos afirma, disse que o que foi relatado pelas testemunhas e o apontado pelo laudo representam claramente o que aconteceu. Ainda conforme ele, não foi possível apontar a hora da morte devido ao avançado estado de decomposição do corpo do jovem.

"Nós temos relatos da investigação policial de que Gabriel foi agredido com um tapa, em seguida com golpes de cassetete e colocado contra a vontade dentro da viatura. Essas ações estão constatadas e fecham conforme o que aponta o laudo da perícia", explicou o delegado.

A agressão ao jovem teria acontecido após ele ter desacatado um dos policiais no início da abordagem, afirmou Bastos.

Ele explica que diversas diligências foram feitas e que as investigações mostraram como tudo aconteceu. Ficou provada a falsidade ideológica, a ocultação de cadáver e outros crimes. "Após ser desacatado, o policias dá um tapa em Gabriel e ele caí no chão. A abordagem durou aproximadamente 10 minutos. Um terceiro policial abordou uma testemunha que também estava no local. Todos os policiais que participaram da abordagem aceitaram a conduta do policial que abordou e agrediu a vítima. Não existe nenhum indício de que algum dos outros policiais tenha se negado a participar das ações. Nós estamos investigando o crime de homicídio, a ocultação e cadáver, como é um crime militar, está aos cuidados da investigação militar. A gente sabe que ele foi deixado em uma estrada que quase não é habitada e as margens da barragem", afirmou durante a coletiva.

DEFESA

A defesa do segundo-sargento Arleu Júnior Cardoso, por meio do advogado Maurício Custódio, reafirma a inocência do agente, diz que o inquérito foi tratado de forma "espetaculosa" e "beirou a raia política", além de acreditar que a simulação que deve ser promovida pela Polícia Civil "irá extirpar essa mentira".

A advogada de defesa dos soldados Raul Veras Pedroso e Cléber Renato Ramos de Lima, Vânia Barreto, foi contata pela imprensa da Capital, mas respondeu antes do fechamento desta edição.

SANGUE

O Instituto Geral de Perícias (IGP) encontrou sangue humano em uma segunda viatura policial que estava de serviço na noite do desaparecimento. A informação consta no inquérito policial militar ao qual a reportagem da RBS TV teve acesso nesta quinta. De acordo com as investigações, a segunda viatura periciada se encontrou três vezes com a dos policiais que abordaram Gabriel na noite do dia 12 de agosto.

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